domingo, 17 de maio de 2009

Fátima, devoção e o corpo











A ideia de Fátima, a imagem e todo o local transporta de imediato para um espaço quase titânico pela sua dimensão.
Disse alguém…… que a ideia era mesmo essa…. reduzir-nos á nossa pequenez, termos noção da nossa pouca importância, acrescento eu, face á, eventual, dimensão da fé. Fátima não surge por acaso, houve uma aparição, quer por caminhos directos quer por uma ideia metafísica hoje reflectida até no campo virtual. A ideia da imagem, sempre deixa em nós, humanos, uma acesa curiosidade. Nunca conseguimos dissociar a imagem da Nossa Senhora de Fátima de todo aquele espaço físico onde a igreja implantou o culto á mesma….se os pastorinhos eram humildes, hoje a igreja faz com que se esqueça essa condição, parece ser a faustosa postura a tomar conta do local…conta-me, quem tem conhecimento de causa.
Esta necessidade da imagem, redunda na ideia do corpo e da necessidade de ultrapassar muralhas, saltar ou simplesmente subir ás mesmas por escadas que fruto dos séculos e das agruras temporais perderam os muros laterais…criando alguma insegurança e vertigem……há muralhas sobre as quais não conseguimos andar…..mas aparece sempre alguém que nos ampara e nos conduz entre o Castelo, demonstrando que imponência dos locais decorre também do facto de quem nos guia pelos mesmos nos ajudar a ultrapassar muralhas.
A devoção é uma característica humana tão antiga como a noção que temos de o ser.
A evolução do ser recai hoje, na sociedade actual, na penumbra dos sentidos…levando a que sejamos mais devotos a uma figura que de santa ou milagrosa nada tem e que aparece como o ideal e o idealizado.
Agora não é fé, mas sim essa insondável, mas sondável, arte do markting que vai ao encontro dos devotos criando neles a necessidade de parecerem, segundo um determinado padrão.
O nosso corpo como imagem devota, ou da nossa devoção, leva-nos por vezes a esquecer que ele não se destina só a nós, ele reflecte-se nos outros…a dificuldade é que julgamos pelos outros e segundo a nossa muita, ou pouca, devoção ao nosso corpo.
O nosso corpo é o prolongamento do nosso espírito, causa primeira da nosso devoção, por vezes subestima-mos a nossa imagem, não nos agradamos….não nos libertamos…..tentamos entender se os outros nos olham da mesma maneira…teimamos até que nos olhem só dessa maneira. Afinal parecemos abandonar a fé que nos foi incutida, deixamos de acreditar que nos podemos transforma até mercê da relação interpessoal.
Aqui aparece a devoção…é difícil……mas como devotos……libertamos a ideia do corpo e da sua contemplação….e elevamo-nos ao campo espiritual ao campo dos sentidos……afinal é possível sentir um corpo num outro corpo, ter sentidos e não é preciso um milagre….só é preciso acreditar nos barcos de Fanha, e vislumbrar as muralhas, mesmo que Fátima esteja mais longe do que aquilo que levou á sua implantação…..afinal é possível…..e até existiu devoção nos sentidos e criou-se o momento que não foi milagre …..foi o querer, porque……assim se quis.