sexta-feira, 16 de abril de 2010

Tradição adiada

                                                           ( Foto da autoria de Liz)

Levantou o bombo, preparado para tocar olhou a multidão

Servo da música, nela se entende

Mais que tocar, o ritual expande o seu ser…

Ouve os rufos alheios…

Naquela estonteante música… força os braços

Som viril…o bombo impõe-se…

O homem do bombo esconde-se…

Imenso o bombo, protege…

A marcha inicia-se a banda toca

Rufa bombo…rufa

O homem do bombo veio hoje pela tradição

Na festa anunciada…o lugar é do bombo

Nada pesa mais que o bombo

Só o homem escondido atrás do bombo…sabe

Finda a festa…pousa o bombo

Ao longe o som da música saída dos altifalantes

Abafado agora o som do bombo

O homem afasta-se…carrega o bombo

Quando a tradição deixar de estar adiada, volta!

domingo, 11 de abril de 2010

Sábado (h)á noite...

A necessidade de extravasar as nossas tormentas faz de nós uma espécie de mutantes, não daqueles dos filmes de ficção, mas talvez numa aproximação mais tipo camaleão, tentamos sempre disfarçar-nos de acordo com a aquilo que apetece extravasar.
Esta perspectiva de abordagem da minha parte a um qualquer tema começa a dar sintomas de cansaço.
Começo com uma conclusão, da qual quem está a ler desconhece o porquê e para mim é como colocar-me num comboio que não parou vai mais á frente, mas eu fiquei numa paragem atrás e entrei num outro onde o tempo não passou.
Partindo da conclusão que nos adaptamos para extravasar as nossas tormentas, vamos ao que me fez, ou faz, chegar a tal afirmação.
Possivelmente aqui há uns anos, muitos mesmo, a um sábado á noite teria febre, seria aquela febre de sábado á noite que servia para a dita extravasão. Há menos anos, não sei quantos, não teria febre mas não estava em casa ao sábado á noite , por várias razões, que hoje já não me recordo, era um dia quase sagrado, destinava-se a um ritual que fiz durante algum tempo, ía beber uns copos e .....enfim era o sábado sagrado onde extravasa em "oração" , digamos assim!
Há (este verbo haver persegue-nos sempre) menos anos, reservava ( subtileza nos termos) para mim e para quem me acompanhava, os sábados para um jantar e um cinema, era um ritual, a noite de cinema.
Os acontecimentos recuaram, até onde ouve utilidade dos mesmos para enquadrar o tempo ou tempos. Agora vou passar ao presente.
Hoje é sábado, que faço agora aos sábados á noite? Não tenho febre, rituais ou oração sagrada! Mas não desapareci, logo deve haver tormentas. Então é assim, fico preocupado que os meus filhos estão com a febre de sábado á noite.
Eu, em casa, preocupado… a que horas irão voltar? Não bebas...recomendo ,tem cuidado com o carro...não te preocupes não chego tarde e não vou beber dizem-me.
Onde ouvi já isto? Será que estou a olhar dos bastidores para uma encenação de uma peça que já fui actor...puta de vida, é bastarda mas não se repete, pois eu não estou a viver nada de repetido, não estou a viver a vida dos meus filhos, estou a olhar para mim e a pensar, mas tu já foste aquele, o outro e mais o outro...agora estás aqui com o rabo (versão light de cú) sentado a olhar para o PC e a pensar, onde me apetece ir...e se for...e porque não vou?
Acabo por aqui, lamento não ter trazido nada de novo, nem para mim, mas apeteceu-me extravasar esta aflição que tinha no meu interior, fazia-me espécie este pensamento, de me ver aqui a olhar para o monitor, porra é sábado...que faço aqui?