sábado, 5 de dezembro de 2009

Nostalgia do futuro



Muitas vezes invocamos os seres metafísicos para entender o que se passa connosco. Necessidade imperiosa de precisarmos sempre de uma qualquer explicação para evitarmos uma qualquer deriva, cedo o homem se apercebeu que não encontrando resposta, ela estaria para além dele.

Um dia um homem foi mais arrojado e disse “ cogito ergo sum”, mas não conseguiu ultrapassar a barreira metafísica….ainda havia algo para lá de nós, mas ganhou-se consciência que afinal era em nós que estava o tal cogitar , afastámo-nos do campo metafísico, só pecou numa coisa Descartes ( não por um qualquer erro, esse é da autoria do professor António Damásio) não foi em auxilio de Galileu, os dois mudaram o rumo da história do pensamento humano, mas fosse Descartes mais longe…..e a história hoje seria outra.

Aparentemente aborrecida esta introdução ( ou se calhar não é aparente) serve essencialmente para enquadrar o nosso pensamento, ou no caso o meu…..e de mais alguém que o queira partilhar… será que é possível ter nostalgia do futuro ou saudades do futuro? Não será uma negação do conceito tão português da saudade e da nostalgia ,este mais universal…….afinal saudade tem-se daquilo que se teve, nostalgia recorda-se com um misto de saudade, tristeza ou alegria o que se passou…..

Fazendo um exercício mental, o tal cogitar, existimos agora, portanto o passado não existe nem o futuro, quer um, quer outro são retratos mentais do momento…..e melhor, dos momentos…..daí poder-se admitir que teremos saudade e nostalgia do futuro…..sentimento bonito se associado a um momento que se espera ansiosamente…..se calhar por isso nos causa saudade…queremo-lo na existência imediata, naquela que agora vivemos, no cogitar…..apetece sentir, ouvir, cheirar, tactear, sim ofegar……afinal a vida faz-se no pensamento…mas efectiva-se no sentir……sim existe saudade e nostalgia do futuro....ou a certeza da incerteza !