sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Prefácio de uma flor


Prefácio de uma flor
Tem claramente um destinatário este prefácio…. uma flor.
Não é o prefácio do amor, nem tem pretensão a tal, é o prefácio de um amor. No decurso de um tempo marcou outros tempos, aqueles que eram dos protagonistas. Cruzaram-se com outros tempos, o tempo deste amor. Nasceu porque tinha que nascer, por vezes, de uma forma simples e sem intuitos que não o de procurar alguma felicidade, surge num contexto mais complexo por força de uma enorme felicidade. De repente tudo se transforma, para melhor. Damos um passo….queremos dar outro e, de repente, damos por nós a caminhar sem abdicar da companhia que nos ampara.
Surgiu assim este amor, de forma simples. Ganhou uma dimensão que deixou de ser possível controlar toda a sua ramificação….por todo o lado se sente. Fruto das circunstâncias de cada um……porque existem…….elas foram a alavanca necessária….mas depois deste impulso inicial tudo se questiona, e as circunstâncias mudam.
Esta mudança será ou não motivo de preocupação porque pode por em causa o contexto inicial e o pressuposto que esteve na essência desse amor?
Há coisas que existem porque são possíveis num determinado contexto…fora desse contexto podem até deixar de fazer sentido……nós, humanos, somos fruto de circunstancialismos vários…e mudamos consoante esses circunstancialismos se alteram, porque é essa a verdadeira natureza das coisas.
Nós somos vários, embora um…. existe até uma canção que diz qualquer coisa do género “ somos um , mas não somos o mesmo” e efectivamente isto faz todo o sentido. Mesmo olhando numa perspectiva do nosso interior devemos sempre admitir a existência plural, sem que isso pareça a máxima de que temos várias caras.
Não se trata de um acto consciente para provocar algo que não somos. Trata-se, isso sim, de um acto inconsciente e fruto das circunstâncias, que nos torna diferentes naquele determinado contexto…..até porque os outros são diferentes…são eles próprios frutos dos circunstancialismos que estão inerentes á situação e determina a nossa condição.
A ausência pode num determinado contexto ser factor de afastamento…pode fazer mal! Mas se assim é, então o que está subjacente a esse contexto da ausência? Que circunstancialismo pode determinar o afastamento?
A resposta pode estar dada no que supra expôs, nós e as nossas circunstâncias……se assim é, faz sentido que fora do contexto inicial e alteradas as circunstâncias o afastamento exista até como condição que aparece naturalmente.
Não faria sentido criar obstáculos á distância ou temê-la como factor negativo……pois ela naturalmente tomaria o seu lugar e surgiria….teríamos assim ausência que distancia, mas como factor que apenas serve de motivo para dizer que fora do contexto inicial e determinado naqueles termos o afastamento existe para além dela, não sendo consequência mas efeito que apenas precisa de um pretexto para se dar.
Isto seria uma possibilidade se fossemos apenas um….mas somos vários e essa possibilidade é apenas isso mesmo, uma possibilidade.
Nada indica o que vai suceder…podemos imaginar, ou até intuir, mas as possibilidades existem, aquelas que queremos e até aquelas que não queremos…tudo é vida, até a ausência que distancia ou aquela que reforça e atribui uma espécie de garantia às relações……mas qual delas parece ser menos dolorosa…essa é a questão….porque o pressuposto inicial, que existe, pode ser posto em causa pelo reforço.
Viver um dia de cada vez e aproveitá-lo bem, saboreá-lo e acima de tudo dizer, hoje estou feliz. Este é o verdadeiro prémio, conseguir a felicidade e vivê-la.
Isto é somente um prefácio ……não o epílogo porque esse, como disse o Mestre, Agostinho da Silva, “ Crê com todo o teu ser; só assim terás atingido o máximo da dúvida” e esta, como disse alguém, ajuda a crescer.