domingo, 1 de novembro de 2009

Palavras aprisionadas




Dizia o saudoso, José Afonso ( Zeca), que “…não há machado que corte a raiz ao pensamento..”
Verdade quase absoluta….. e digo quase porque duvido que exista verdade absoluta……
Mas já não se aplica o mesmo principio ás palavras…estas já podem vir dilaceradas ou até ser dilaceradas por quem as lê…e lhes tenta enviusar o sentido.
Escrevi já, com sentimento, liberdade e senso comum ou incomum… a partir de determinada altura, por razões que me fogem ao controle, comecei a escrever condicionado, e não tinha consciência disso. Não escrevo como escrevia…agora meço o tamanho e peso das palavras…conseguiram que eu aprisionasse as palavras….como tudo o que se escreve pode eventualmente ter vários sentidos, eu agora tento entender esses sentidos…perdi a espontaneidade das palavras, por inerência considero que começo a ter o meu pensamento aprisionado.
A vida faz de nós tudo o que se possa imaginar, heróis, mártires ou até proscritos…….eu vendi a uma entidade censória as minhas palavras…o meu inconsciente tornou-se na censura, na minha censura…terrível destino que a vida me proporcionou, tornei-me num proscrito….
Quando aqui na minha solidão, converso com as palavras, é neste acto egoísta que elas me dizem que já não sou o mesmo……aprisionei-as….queixam-se que não as liberto.
Tento justificar tal com o meu estado de alma…….pouco contemplativas e menos tolerantes as palavras são o mais cruel dos acusadores…dizem e bem, agora já não revelas o teu estado de alma porque ficaram muitas de nós ali aprisionadas…tem misericórdia de nós dizem-me!