segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Pedaços de tempos

Numa voracidade que me atropela, a vida passa por mim, deixa-me estendido sem possibilidade de reagir….olho muitas vezes em volta pareço perder o norte, o sul qualquer ponto cardeal que me oriente.


Nem todo o tempo me chega, estranha ironia..tenho sempre que partir com a sensação que algo ficou para trás, sinto o som amorfo de um silêncio que ficou no ar….corro, corro desvairadamente para entender esta pressa de viver, não perder a vida…..mas ela , inexoravelmente, passa por mim e não volta , essa parece ser a única certeza que fica….a passagem da vida, feita de momentos no tempo e nos tempos.

Dou por mim a pensar que me apetece fraccionar o meu tempo e lançar os pedaços na eternidade e aí, nessa possível existência, juntá-los para reencontrar aquilo que não fiz….mas miseravelmente dou-me conta que não possuo aquilo que não vivi, esses pedaços nunca os poderei encontrar.

Nunca fico completo, nesta eterna insatisfação, sou menos que aquilo que penso ser e mais que aquilo que gostaria de ser, paradoxo quase de um louco que de louco tem a sensação de nunca estar no local certo…no tempo dele, passado… futuro...louco que vagueia como uma caravela, cujos mastros se quebraram e que só a boa vontade das ondas e do vento lhe dará rumo…sempre dependente….depende da boa vontade dos outros o louco e a caravela…nunca da dele.

Sou menos importante que os outros…..mas talvez porquê os outros são mais importantes que eu…afinal serei um felizardo e não me dou conta de tal…nunca sou suficiente…sou pouco, ou então sou demais, serei um dia uma medida certa, aquela medida de um homem apenas?

Das fracções dos meus tempos farei a minha pequena história que só para mim contarei, sim só eu a posso entender…pois fraccionei o meu tempo em pedaços..só eu tenho a fórmula para a resolução da junção de todos esses pedaços…será o meu segredo, aquele que no leito de uma qualquer morte, pois ele há muitas , um dia passarei como legado de alguém que nunca lamentou aquilo que não teve ou que não foi…os outros foram muito para mim…estou grato por me amarem…sim sofri por que amei…mas foi bom ter sofrido assim!