quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Frágil condição


Frágil condição

No espaço de um pensamento cabe o mundo
Na memória empilham-se vidas
No corpo pende a necessidade
Frágil condição para tanto

No espaço de um pensamento cabe a vida
Na memória arquivam-se os momentos
No corpo arrasta-se o tempo
Frágil condição para tanto

No espaço de um pensamento cabe a sabedoria
Na memória deita-se a tolice
No corpo pesa o excesso
Frágil condição para tanto

Será que um dia, liberto do fardo
Serei apenas a sombra de um miserável corpo
Onde o pensamento não cabe?

domingo, 11 de outubro de 2009

Sentido da opção


Nunca faz sentido a opção.
Porque quando se opta, perde-se inevitavelmente algo. A opção obriga necessariamente a atirar algo fora, digamos assim.
Não é fácil optar, por mais que nos digam que existem dois caminhos nunca saberemos como será aquele que não percorremos…..um dia diremos e se tivesse ido por ali como teria sido.
Esta sensação de perca obriga-nos a um exercício constante de procurar na opção a justificação para ela. Se não a encontrarmos, ou um dia vacilarmos, virá ao de cima o tal caminho que não seguimos, e voltamos á interrogação, porquê este caminho e não o outro…….
O ideal seria não termos que optar, seguir o único caminho que temos, não como felizes dos pobres de espírito, como diria Fernando Pessoa, mas como o caminho que traçámos, aquele que não nasceu de uma opção mas sim de, deliberadamente, o termos traçado como nossa direcção. Mas isto seria o ideal, e como o ideal é isso mesmo……..ficamo-nos por aí.
A opção causa a angústia do nascimento a posterior, aquele em que já nascemos e agora teremos que escolher onde supostamente o iremos fazer e quais os pais que teremos….o absurdo é que nascituros ainda nada sabemos e portanto a escolha não se coloca, quem está ali mais á mão será quem nos leva, claro que isto é levar o absurdo ao extremo, mas fica a analogia.
Mas não sou utópico ao ponto de atirar a opção para uma espécie de recurso secundário, ela serve muitas vezes para nos ajudar a clarificar o que seria bom ou mau, através de um dos sentidos que tomarmos…e muitas vezes é sinal de bonança, pois ter porque optar, pode representar a felicidade não extrema…mas quem sabe levada a um quase extremo.